Prazos do Serrazim
Saturday, March 29, 2008
Friday, March 28, 2008
Lides domesticas goesas
(na verdade, este post e uma continuacao do anterior!)
No primeiro dia, a Natividade (nao, eu nao a chamo directamente Natividade - embora ela talvez nao percebesse, porque nao fala portugues) apareceu parcamente munida com o seu material de limpeza basico: um pano e uma lata velha a fazer as vezes de balde. Eu, por outro lado, tinha (se bem que ainda nao tivesse tido tempo de comprar nada de produtos de limpeza em Pangim) um detergente eficaz, um par de esfregoes, uma vassoura e sua pa. Bom, quando a Natividade viu a vassoura, ficou um pouco aflita... Na verdade, ela esta habituada a usar as vassouras indianas, que nao sao mais do que um feixe de vime (?), sendo que elas (e eles) se agacham, ou mesmo sentam, para irem varrendo, quase lage a lage. Ou seja - e por muito que se tivesse esforcado - nao conseguia trabalhar com a vassoura de cabo, a ocidental! Resultado: fui eu quem tratei de varrer o quarto e o hall!
No entanto, a pobre da Natividade nao tinha culpa nenhuma da minha inepcia cultural, e era manifestamente injusto que eu apenas lhe disponibilizasse uma vassoura a que ela nao estava habituada. Por outro lado, urgia adquirir mais algumas coisas, valendo-me dos conselhos preciosos quer de TPL, quer de Nandini, uma colega indo-americana que me explicou que produtos costumava usar a sua colaboradora domestica. Munido dessas preciosas informacoes, comprei um balde verde (mas tive de o comprar no mercado, e fazer todo o habitual processo de regatear, e fingir que me vou embora, e voltar, e dizer qual e o meu melhor preco, etc, etc), para ela nao ter de usar aquela lata, 2 bons panos de limpar, uma embalagem de um liquido de limpeza pelo qual as indianas (segundo informacoes colhidas junto de fontes autorizadas) muito apreciam, e que (alegadamente) deixava um ligeiro odor a limao (e a Natividade apreciou claramente esta compra - pelo que o informador nao falhou!), bem como ... claro, uma vassoura indiana!!
Munido deste novo material (e se bem que a Natividade, mostrando grande presenca de espirito, tivess, motv proprio, levado a sua propria vassoura), a dupla imbativel de limpeza de Betim City (delegacao de Britona) pode dar inicio aos seus trabalhos! Esta segunda vinda da Natividade foi ainda mais eficaz: a meias - desde logo porque ela e baixinha, e nao chega aos azulejos mais altos, a parte de cima das janelas e do armario, as vergas das portas, ou mesmo a parte superior das paredes, em casas cujo pe-direito e muito alto - esquadrinhamos todas aquelas divisoes, que ficaram a brilhar!
Um dia destes ainda montamos um negocio de limpezas domesticas!;)
A Natividade... e eu!
Bom, o que quererei eu dizer com o titulo deste post - credito e influencia, ja se sabe, da obra premiada de uma celebre escritora portuguesa (se querem saber mais nao deixem de ler a proxima Raizes e Memorias!)?
Recentemente - e como os meus dominios em Betim City (campo e campo, e tem toda aquela secante bicharada incluida, que nao sabe distinguir quando acaba a sua casa, e comeca a dos humanos) clamavam por uma urgente e feroz limpeza a fundo - confrontei (a conselho de uma sabia conselheira conimbricense) os meus senhorios (que alegavam que a sua propria empregada costumava ir aos meus aposentos, coisa que, admito, nao se notava) com uma exigencia/necessidade inultrapassavel: queria uma empregada propria, que limpasse a fundo, metodica, eficaz e muito regularmente as tres divisoes que me acolhem nestas paragens indianas. O meu pedido (ou sera melhor chamar-lhe exigencia?) foi prontamente atendido, e, uma escassa meia hora passada, ja me apresentavam uma potencial candidata.
Nao a precisaram de ir buscar muito longe: e uma das senhoras que, conjuntamente com as suas familias (ainda nao consegui perceber quem e que pertence a qual familia) mora numas miseraveis casinhas no fundo do quintal da casa onde vivo. Sao, creio, pessoas que migraram do vizinho Estado de karnataka (em portugues Canara, de onde vinham os ditos canarins), e que se fixaram em Goa (onde mais se nao em Betim city!?) com o fito de alcancar uma vida melhor. Nao me parece nada que o tenham conseguido, o que se devera, por um lado, a natural (e absolutamente inegavel) indolencia desta gente - que pode passar o dia sem fazer nada - e, por outro, ao terrivel obstaculo da lingua. Pois e, eles nao falam nem ingles, nem concani (a lingua franca do Estado de Goa), nem muito menos portugues. So indi. Vidas durissimas, portanto, e sem esperanca de melhorias proximas.
Em seu abono, a senhora em questao nao tinha grandes referencias (nem boas, nem mas):
1) estava disponivel
2) mora ali ao lado (posso LITERALMENTE chama-la da janela - isto e, poderia, se falasse indi)
3) foi aconselhada pelos meus senhorios
4) e mae do Frassad - um rapazinho de uns 7 anos que anda sempre atras do Diogo (o meu senhorio), e que e bastante bem disposto!
Bom, la acordei eu com a senhora que queria que ela comecasse a trabalhar imediatamente no dia seguinte, que viesse 3 vezes por semana (2as, 4as e 6as), e determinamos um preco que satisfez ambas as partes.
No entanto, subsistia um problema! Como se chamava ela? Como lhe chamaria eu? Como lhe perguntar que nome tinha?
Pois bem, para evitar estas problematicas, e em honra a uma longa linhagem de fieis criadas velhotas beiras, ficou (para mim) crismada Natividade.
E a Natividade e eu fazemos uma dupla eficaz no combate ao lixo -como em breve vos explicarei!
Wednesday, March 26, 2008
A torre da minha residencia
Ola a todos! Tal como prometido, vou passar a descrever, em termos sumarios, os meus aposentos em Betim City! Estou acomodado num acrescento feito ha nao muitos anos a uma velha vivenda no estilo colonial da terra, como ha duzias e duzias espalhadas por todo o Estado. Vivo, assim, em divisoes relativamente novas - o que, para aqui, e bom, pois significa, desde logo, nao ter telha va como tecto, mas sim uma normal placa de cimento!! E que se ha coisas que podem (a mim nao, acrescento desde ja!) parecer muito interessantes e tipicas numa foto, nao o serao certamente ao vivo - como e o caso de tal cobertura!
Pois bem, disponho de 3 divisoes, as quais se acede primeiro por uma escada (e um primeiro andar, o que acarreta duas consideraveis vantagens: ser isolado do resto da casa e alto, por causa de eventuais animais rastejantes mais curiosos) e, em seguida, por um corredor envidracado. Ha, entretanto, que passar (e fechar, porque os donos da casa assim aconselham e preferem) por um pequeno portao de ferro no inicio das escadas e por uma porta ao cimo destas.
A primeira das minhas dependencias - todas elas mobiladas de forma muito asceta (como 90 por cento das casas aqui em Goa - longe e despedacado vai o mito da multiplicacao de esplendorosos interiores indo-portugueses!!) - e uma especie de hall/lavandaria. Eu explico. Hall porque da passagem para o quarto; lavandaria porque dispoe de uma banca comprida e de um lava-louca, que uso para lavar um par de coisas. Nesta divisao (que dispoe de uma boa janela) ha mais um espacoso armario de ferro fechado a chave (que e onde guardo quase tudo, desde peugas a bolachas), um banco de madeira e uma velha espreguicadeira (fechada) de madeira e pano, que em Goa tem o delicioso nome de cadeira Voltaire!!
Segue-se o quarto, que e mais ou menos quadrado, tendo (nao sei porque!!!) duas pareces amareladas, e duas azuis claras! Dispoe de outras 2 boas janelas e de um incompreensivel (e alto - nem esticado la chego) postigo. Ai tenho a minha singela cama (pouco mais que um diva), uma mesinha de cabeceira, uma outra Cadeira Voltaire (mas esta aberta) e uma mesa de cafe (estranho, eu sei!) com tampo de vidro. Ah! E uma cadeira de plastico daquelas de esplanada - que, a partir de ontem, serve a mesa (tambem de plastico, e tenebrosamente kitsch, cinzenta com veios brancos, procurando dar ideia de marmoreado) que comprei para trabalhar. A minha mesa de trabalho pode nao ser elegante, mas tinha tanta vontade de a ter, e e tao util, que me parece extraordinaria!
Do quarto se acede para a casa de banho, tambem em tons azuis e da maior simplicidade possivel. Quase espartana. Agua, apenas fria (mas, acreditem!, ca sabe bem), e nao ha, no chao, qualquer divisoria ou murete para a zona do duche.
Os pes-direitos, felizmente, sao altos, e em ambas as divisoes ha ventoinhas!
Enfim.. muito longe de um luxo oriental, mas suficiente para uma estadia com um minimo (mesmo minimo) de conforto!
PRAZOS INCHADOS DE ORGULHO
Carissimos viajantes por estas ciberneticas veredas, nao sei se tem andado atentos as noticias desportivas locais, nomeadamente nos dominios do rugby. Alguem muito proximo a estes Prazos Serrazinescos esta de parabens: comprovando, uma vez mais, o talento natural que (desde sempre) demonstrou para o desporto, ZG entrou para a Seleccao Sub17 de Rugby!
Os Prazos do Serrazim engalanam-se nesta ocasiao, nao fazendo qualquer esforco para esconder o seu jubilo e orgulho!:)
Tuesday, March 25, 2008
Moncao fora de epoca
Pois e , meus caros, CHOVE, e CHOVE MESMO em Goa! Nao se trata de um par de chuviscos ocasionais, que sirvam para limpar as estradas e demais arruamentos (em geral bem sujos) desta cidade de Pangim e seus aros (para usar uma velha expressao lusa, muito ao gosto do seculo XVIII), nem de chuvadas tropicais, intensas mas de curta duracao. Nao! E mesmo chuva a europeia: permanente, insistente, suficientemente intensa para ser secante. Claro esta que todos foram(fomos) apanhados de surpresa! Os locais praticamente nao se lembravam de uma Pascoa assim tao molhada - de tal forma fortes eram as cargas de agua que a procissao de 6a Feira Santa se viu interrompida, a contragosto das centenas de participantes, e que as festividades hindus do Holi, no dia seguinte, tambem se viram um pouco comprometidas - e os estrangeiros (na sua maioria rumando ate estas paragens na mira de um par de procissoes e de muita praia e sol) espumavam de raiva, enquanto bebiam Kingfisher (a cerveja dominante na India do momento) na varanda do Pangim Inn.
Sera uma pre-Moncao? Espera-se bem que nao!
Entretando, fica uma pergunta: ja alguem bebeu uma urraca?;)
Friday, March 21, 2008
A Vida no Montijo
Pois e, caros leitores, e no Montijo goes que eu vivo: mais concretamente, numa localidade chamada Betim - mais concretamente ainda, numa parte (Bairro, de acordo com a tradicional reparticao das aldeias ca da terra) que da pelo sugestivo nome de Britona! Eis-me, portanto - eu, que sou tao zeloso da minha conimbricense Solum e do meu lisboeta Saldanha - em Britona City!
E, tal como no Montijo, dirijo-me para a metropolitana Pangim, todas as manhas, de ferry. Acho que ja andei mais vezes de ferry neste escasso par de dias em que estou em Goa do que toda a minha vida! Eis a primeira vantagem de Britona City, portanto: ensina-nos a viver novas (e quase insuspeitas!) realidades! E, acreditem, aquele ferry (ou melhor, aqueles ferries, pois sao dois - o Diu e o Mormugoa) sao uma licao de vida! Em primeiro lugar, sao absolutamente desprezados pela elite local, que pura e simplesmente nao compreende como e que eu recorro a tal meio de locomocao! Antes - dizem-me eles, nao sem alguma nostalgia - o ferry era pago (sim! agora e maravilhosamente gratuito, com todas as vantagens e incomodos que tal acarreta), e so quem era de qualidade e que recorria ao dito. Agora (e desenha-se-lhes um esgar de repugnancia nos cantos da boca), quem e algum tem carro (ou, se for muito novo e muito pobre, ao menos uma mota), e usa as pontes sobre o Mandovy.
O ferry, assim, e uma vala comum, destinada para os excluidos da sociedade goesa (ah! estas castas e divisoes sociais, ainda tao estanques e visiveis!)... e para um unico e so branco: eu proprio! E e ai que reside boa parte do seu interesse!!
Em breve vos conto mais sobre o assunto!
Thursday, March 20, 2008
O Estado da India
Ola, carissimos e atentos viajantes das veredas (nem sempre frondosas, ha que reconhecer!!) destes Prazos do Serrazim! Multiplas - e quase excessivamente autorizadas - vozes se tem levantado quanto, por um lado, a incultura a que estes Prazos tem sido deixados ao longo das ultimas semanas, e, por outro, quanto a total ausencia de noticias (excepcao feita a Alijo City, esse autentico alfobre de enormidades juridicas, para maiores labores da digna magistrada local!) provindas da India!
As minhas sinceras desculpas - e promessas (quase solenes) de emenda, pois!
E verdade: durante uns meses, os nossos Prazos terao um sabor mais oriental (ou orientalizante - questao classica, e com muito que se lhe diga), ou, mais correctamente (pelo menos na optica do seu caseiro, que sempre anda em busca de bugigangas mais ou menos amarelecidas pelos anos) indo-portugues.
Esta e a mensagem inicial! Muitas outras, espera-se!, segui-la-ao! E, ao longo dos dias, voces, caros frequentadores desta cibernetica propriedade, terao noticias nao so do antigo Estado da India (mais concretamente de Goa, sua indiscutivel e carismatica cabeca) e, em paralelo, do estado (com letra minuscula, agora no sentido de situacao) desta India que ainda nos diz (e, ao que parece, quer conscientemente continuar a dizer) alguma coisa!
Dois pedidos impoe-se, neste momento, esperando que sejam ambos atendidos!
1) por um lado, requer-se a vossa indispensavel complacencia para a questao da pontuacao (sobretudo tils e acentos). E que o teclado - nao obstante pertencer a Fundacao Oriente, que me deixa usar os seus meios informaticos - nao e portugues:
2) por outro, relembra-se que se voces gostam de saber novas destas terras longinquas, eu tambem gosto de saber noticias vossas! Por isso, nao se acanhem (sim, sobretudo voces, leitores regulares que se recusam a participar!) e deixem os vossos comments! Esperam-se colaboracoes tao abundantes como interessantes!
Ate (muito) em breve, entao!