Wednesday, November 22, 2006

e o (ex) Procurador veio ao Pio

Fiel às suas - louváveis! - tradições de procurar trazer a "principalidade" local para palestrar nos salões domésticos, e após (há um par de semanas) termos contado com a presença de Rosário Carneiro, o PIO recebeu, hoje (até há pouco) a visita e a palestra de Souto Moura. O orador - recebido com a pompa e circunstância possíveis, entre as velhas telas setecentistas da "sala de conferências oficial" do primeiro andar (portanto, era observado bem de perto por uma Madalena arrependida de olhos em alvo - embora, a bem da verdade, preferisse fitar, em detrimento da casta nudez daquela, ainda mais devido à sujidade dos séculos e à má qualidade dos repintes, os tons mais quentes de uma larga natividade) - foi recebido de forma calorosa mas (confessemos...) um pouco atabalhoada. Isto sobretudo por não se saber ... como o tratar. A autoridade eclesiástica presente (sim, aquela com que partilhamos um apelido), para além de não ter feito correctamente o "trabalho de casa" (convinha ler, pelo menos uma vez, o curriculo do homem antes de começar a falar!) hesitou bastante naquele ponto... e, na sua senda, diversos foram os que tremeram ante a forma de tratamento a adoptar. Achou-se que "Sr. Dr." soava a pouco. Mas, por outro lado, o homem não é Conselheiro... e Sr. Procurador podia resultar não só ofensivo, como descabido, e, mesmo, ridículo. Por isso, ficcionou-se (uma solução possível, fracota, mas enfim...) um "Sr. Professor", que garantia ao palestrante a importância que um ex-PGR e, sobretudo, um convidado do Pio deve ter!;)
A sala estava composta, havendo pouquíssimos lugares vagos (talvez só a primeira fila, na qual nunca ninguém se senta, para desespero das esferas dirigentes).
Souto Mouta falou, e começou mal, muito mal. Não querendo cair numa exposição exclusivamente jurídica, enveredou por umas considerações pseudo-filosóficas (o que é a liberdade? como a articular com a política, o direito e a sociedade?) altamente secantes - e cremos bem que, a dada altura, já ninguém do auditório seguia aquele exercício de oratória tão estéril quanto monótono. Souto - e bem - percebeu, e adiantou a sua exposição, aligeirando-a com um toque burlesco de vez em quando. Vendo estas tentativas, a audiência, generosa, deu-lhe uma derradeira hipótese.


Seguiu-se o debate, que foi francamente mais interessante. Com a excepção de uma pergunta bizarra (alguém a terá percebido??) de um louco qualquer que estava sentado na 2ª fila (mau sinal...) e que, durante a exposição, parecia estar afectado de parkinson por tanto acenar aquela cabeça (decerto cheia de vento, a avaliar pelo quilate da sua questão, extraordinária na sua nulidade), houve uma troca curiosa de impressões. Souto esteve mais à vontade, falou com mais graça e leveza e, sobretudo, soube guiar melhor as suas intervenções. Desnecessárias foram, contudo, as constantes referências a filósofos, de Kant a Habermas e Savater, com que gosta de ilustrar o seu discurso (sem que percebamos a razão para tal procedimento).
O resultado final, apesar de todos os óbices, foi positivo... mas aqui fica a nota:
quando forem a uma conferência de Souto Moura, levem o moleskine para rabiscar... até à parte do debate, o homem não consegue entusiasmar ninguém!

Saturday, November 18, 2006

A propósito de BDs fabulosas... a MARCA AMARELA!;)



Eu leio MELLO e SENNA... talvez alguém precise de óculos??

Morde-lhes, cão fiel! Bate-lhes, Saudade!;)

Não me mexam nos MELLOS, nos MOTTAS e nos SENNAS (a menos que sejam a minha Mana ou o meu Pai!)!!

Bem dizia Eça de Queiroz que as "gamelas comuns" (das quais - bem entendido, num sentido ASSAZ diverso do que aqui utilizamos - partilhava o enfadado Jacinto) nunca dão bom resultado. Podem ser curiosas, interessantes - fascinantes, mesmo! - mas sempre terão um último e inapelável "quid" negativo: pois é, são públicas. E quem diz públicas, diz francas... e por vezes não se gosta (embora raramente se admita, pois ninguém sensato quererá incorrer em acusações mais ou menos vexatórias de snobismo) de tanta... franqueza!
Tudo isto a propósito da base de dados do site genea. Todos sabem que eu defendo o genea, sobretudo a sua dimensão integradora, que permite que a generalidade dos interessados em temas de linhagística e genealogia possa, sem dificuldades de maior (na verdade, basta aceder à net, via sapo) colocar dúvidas sobre os seus avoengos (ou, em grande parte dos casos, sobre quem gostaria de ter como tal...) no célebre "forum". Também desta forma se possibilita a troca de informações - mesmo que a fiabilidade valha o que valha num "espaço livre" como aquele (pelo que, meus amigos, há que confirmar sempre o que nos passam, mesmo que nos custe sobremaneira descobrir que afinal o Manuel do Sacramento Pinto do qual, afortunadamente, descenderíamos, não era um insigne Desembargador da Bahia mas um triste jornaleiro de Trevões). Até aqui, tudo bem! Mesmo que se troquem umas palavras menos simpáticas no forum - e isso é raro - e mesmo que por lá ande muita gente com muita areia naquelas tolas - o que é mais frequente (os maluquinhos devem atrair-se uns aos outros) - o saldo final é, francamente, positivo, estando o LA de parabéns!
Mas o genea dispõe, paralelamente, de bases de dados, onde cada um dispõe a sua árvore familiar. Tudo coisas muito simples e esquemáticas. Ora, em teoria, qualquer pessoa pode "mexer" em qualquer das árvores que lá estão (sugerir correcções, acrescentar novos elementos). Mas, bom... NINGUÉM faz isso, não é?! É que não parece de muito bom tom andar a retocar o trabalho dos outros - sobretudo quando o saldo do resultado final é BEM NEGATIVO.
Foi isso que me aconteceu ontem. Ociosamente, percorri os "costados" Pedroso de Lima/Cabral de Oliveira, para ver se os dados que tinha introduzido há umas semanas já haviam sido acrescentados (é um processo lento, em virtude de escassez de recursos humanos), quando reparei que alguém tinha andado, estupidamente, a acrescentar nomes na MINHA Família!

E, caríssimos, vocês que me conhecem sabem que eu sou CIOSO das minhas coisas: e a MINHA família, para o bem e para o mal, é MINHA! Se outros (mesmo que partilhem eventualmente de um qualquer avô arcaico) quiserem fazer a sua árvore, façam-na eles, criem uma para si; não se pendurem na MINHA!

Claro que a asneirada estava bem patente:
1) nomes incompletos
2) ordem de apelidos assustadoramente trocada
3) e, amigos, eu cá sou MELLO (e não Melo), Pereira de SENNA (nada de Senas) e MOTTA-VEIGA (não me venham para cá com a versão mais simplificada de Mota Veiga). Por isso, se quiserem acrescentar dados - mas desde já renovo os meus mais sinceros pedidos para não o fazerem (cada qual com o seu quintal, ok?) - sejam coerentes com o que lá está, de acordo!!?? Já é suficientemente mau andarem a aproveitar-se (estragando) do trabalho dos outros... pelo menos vejam se seguem as regras estipuladas pelo autor.

Espero que o recado tenha ficado perceptível!

Thursday, November 16, 2006

labor omnia vincit (dizem...)

Ufa, ainda ando às voltas com o


Luso-étnico!;)

Dedicado à J. Nelas (née Maia), que me levou a descobrir o inenarravel Tangaroa!;)
Amigos, a capital (já se sabe) encerra extraordinários recantos, onde o pasmo dos que ainda não conhecem esses quase indescritíveis espaços alcança os limites possíveis!
Aqui se insere o - quase que direi que "mítico", de tão kitsh! - Tangaroa, um bar cuja decoração parece ter saído das divagações de um aborígene alucinado! Lá, tudo (mas tudo!) é tão extraordinariamente e inimaginavelmente non-sense que o todo alcançado obtém uma certa unidade.
Atentemos numa descrição que encontrámos (ao calhas...) na net, num site relativo a bares lisboetas. O Tangaroa é descrito como:
"A neighbour of Bora-Bora, this Hawain bar is yet another corner of Paradise which escaped the missionary zeal of the priests. Vizinho do Bora-Bora, este bar do Hawai representa mais um canto do Paraíso, que escapou ao fervor missionário dos padres. Av. Almirante Reis, 194 - A 1000 - LISBOA 18.00 - 22.30hr"

Insólito?

Pois bem, esta é uma descrição SUAVE, quase NEUTRA de tal sítio - desde logo porque não refere:
1) a "magnífica" decoração, plena de motivos que parecem ter vindos de um cargueiro regressado da Nova Zelândia e carregado de artefactos baratos "para europeu comprar";
2) os repuxos que, aqui e ali, entre a luxuriosa vegetação, alegram e aliviam o pesado ambiente tribal;
3) os trajes dos pobres empregados, que têm não só de usar umas camisas "havainas" inchadas, como também umas calças que, seguindo a moda dos 40's, lhes chegam bem acima dos respectivos umbigos;
4) as ementas - e, senhores, que ementas! Tão loucas quanto plenas de erros gramaticais hilariantes! Onde terão sido escritas? E que deliciosos comentários se tecem a cada uma das bebidas apresentadas... pena é que quase não se especifique a composição das mesmas!
5) e, por fim, a forma como as ditas bebidas são servidas: em recipientes bizarros, imensos, incomportáveis... O meu era um vasto escorpião de barro, o da J. Nelas um ídolo do Pacífico... Obviamente, tais composições de gosto e arte não se podem segurar, como qualquer copo banal. São demasiado pesadas, largas, arrebicadas, para isso. Por isso, são depostas numa mesinha situada à frente do consumidor, ao qual são fornecidas longuíssimas (sem exagero!) palhinhas, que percorrem o caminho entre a glote e a beberagem pedida!

Os Prazos do Serrazim não têm por hábito publicitar lugares... mas, se gostam (e mesmo que não gostem...) de espaços tão únicos como inusitados, não deixem de, ao som dos tantãs, ir beber um copo ao Tangaroa!;)

Wednesday, November 08, 2006

Jantar quase à sombra do Camões (e, sem dúvida, à sombra da recém-restaurada Encarnação)


Boa ideia a de Ines HP... hoje, na Brasserie, parte do núcleo "coimbrão" de momento aquartelado em terras da capital reuniu-se em torno do prato único que servem, ali na Rua do Alecrim. Lá estiveram, para além da organizadora, um promissor advogado, uma jovem e talentosa solicitadora, uma especialista em DIPC e um rapaz que sabe umas coisas de umas terras longínquas, lá para as bandas da Índia (acho que o sítio se chama Goa, ou qualquer coisa assim...;)).

Mais uma pra colecção...da vontade de voltar a Macau, não dá?;)

Tuesday, November 07, 2006

sem comentários...

Hoje fui à FLUL mandar pôr uma espiral nos revolucionários Pintos, e deparei-me com um pequeno grupo e uma grande tarja negra na entrada da Faculdade, onde se declarava ter a mesma "morrido". Bom, RIP e paz à sua alma! - entrei, esperando que a maleita não tivesse também atingido as lojas de cópias do rés-do-chão. Foi então que, ao longo das paredes, acompanhando àtrios, corredores e escadas, vi AQUILO! Uma série de cartazes (todos iguais), de grandes dimensões - cerca de 1 metro por 50 cm - onde se podiam ler os protestos dos estudantes indignados. E, logo no primeiro parágrafo, impresso em letras garrafais sobre o fundo branco que tanto destaque lhe confere, se lê qualquer coisa do género: "Achas que o tratado de Bolonha destrói as tuas espectativas?". Sim, sim - é exactamente isso: ESPECTATIVAS, com S em vez do X requerido e indispensável! Ali no meio de uma Faculdade que se diz de Letras e que prega a necessidade do ensino das Humanidades. Pregações no deserto, decerto, que não justificam sequer a tosca correcção ortográfica a uma débil caneta azul (quiçá esferográfica).

Aí compreendi, então, o alcance das afirmações dos "revolucionários" de pacotilha especados na escada de entrada: aFLUL morreu, sim, mas não devido a essa Bolonha cuja imposição de exigência tanto temem, mas à inépcia e analfabetismo dessa gentalha desqualificada que por aí anda, esforçando-se por retirar o pouco dourado que ainda esmalta a cultura das Humanidades em Portugal!