Thursday, March 23, 2006

Olhos nos olhos

Os olhos do desenho só verão o que o desenho quer ver??

Passado vs Presente


Hum....

Hoje um amigo angolano comunicou-nos que lhe parecia que os portugueses do presente são menos aventureiros do que os seus "gloriosos" antepassados marítimos. Que não nos via a lançarmo-nos para "mares" (em vários sentidos, naturalmente, e já não somente na sua significação tradicional) inóspitos e desconhecidos. Eu ironizei um bocado com o prognóstico pessimista, mas fiquei a pensar... Em primeiro lugar, há que dizer que o indivíduo em causa não é nenhum complexado da colonização - novas gerações, novas realidades, outras visões... - e que até não desgosta do país. É, sobretudo, um homem que aprecia viver, da forma mais intensa possível, os prazeres da vida! Por isso, o que dizia podia, com forte probabilidade, ser minimamente sentido.

Por isso, subiste a questão: será verdade?

E a resposta, obviamente, é: não sei!

Por vezes, a melhor solução é olhar para o umbigo. Bem, eu e a minha Mana temos a nossa quota parte de avoengos seiscentistas intrépidos (ou assim imortalizados pelas crónicas!;)): desde o clássico tio que foi ao Brasil, ao avô distante que fundou a 1ª feitoria na Índia e que era, por sua vez, primo direito de um almirante de longas barbas, ao tio (irmão da Joana de Castro Cabral que consideravam ter morrido em "fama de santidade", após ter casado, apesar da oposição do Papa, com um primo que morreu precocemente!) que governou Goa...




E hoje?

Algum de nós conta conquistar um milímetro de terra que seja? Ou participar numa qualquer viagem extraordinariamente ousada e inédita?? Bom, acho que as nossas maiores expectativas são mesmo ao nível científico!

Teremos, pois, perdido a "chispa" do passado?
Se sim, quando foi? Algures durante o ócio dos séculos, só animado por pontuais, e domésticas, disputas polémicas (em torno de um "liberalismo" que já chegou velho, contra um exército francês corrupto, cacicando contra os rivais políticos)??

Ou terá a ousadia do passado tomado outras formas, que ainda não souberam - ou puderam - dar frutos?


Permanece a questão em aberto - como eu não gosto de as deixar - mas acompanhada de forte esperança nessa realidade!

Uma dica mais para Floc´h


Agora me lembrei que Floc´h pode não saber como é exactamente um contador "indo".

Em jeito de ajuda, aqui vai um exemplo elucidativo!;)

Um homem no deserto, mas com requinte luso!;)

Ainda relativamente a esse homem no deserto... Ok, ok, ele tem uma cadeira entalhada, que dá um certo requinte desfazado a quem veja - afinal, esse era o objectivo do Floc'h! Mas tudo aquilo é por demais banal! Desertos, cada um arranja os que quer (não é nada de excessivamente pretendido!;)), e aquele pseudo-requinte...bom, está bom para inglês!;) Ora bem, é claro que se fosse um português a ter de levar umas peças de qualidade para tão inóspito sítio - espero que não o faça, porque para parolices já chega as que temos! - estou certo que não deixaria de fazer uma selecção mais criteriosa:




Em primeiro lugar, o assento. Só há duas hipóteses possíveis: ou uma cadeira "portuguesa" (com preguinhos, pois então, e cabedal lavrado), ou um cadeirão quinto-joanino, para armar!;)


Para pôr a chávena de chá ou o copo de gin, nada de mariquices de verga "à Madeira", ou de débeis móveis "colonializantes". Uma mesa de encostar - a combinar com a segunda cadeira - não ficava mal de todo!

Por fim, aonde servir o chá! Quem conhece LCO, sabe que a sugestão é uma: deixem lá as Companhias das Índias (quantas vezes fancaria passa por provir das ditas!) e optem por um sólido mandarim:

E para pôr o jornal? Aha! Floc´h não pensou nisso! O que é que se há-de fazer enquanto se bebe o chá, e não há ninguém para conversar? Eu cá escolhia um contador indo-português (o que até faz publicidade a Goa!;))

Bem, meu caro Floc´h, é inegável que és um grande desenhador e um virtuoso do pormenor. Mas, mesmo apesar de todos os cuidados que dispendes a investigar os temas das tuas ambiências (não fosses tu um mestre incontestável da grande LINHA CLARA), há que passar uns tempos no rectângulo português!;)

Thursday, March 16, 2006

tomando chá no deserto

Nunca vos aconteceu sentirem-se assim?;) Um homem impecavelmente vestido, assente numa pseudo cadeira de estilo, bebendo pacatamente o seu chá no meio do deserto?? É claro que este sentimento foi, em momentos pontuais das suas vidas, partilhado por muitas pessoas que conheço - e tenho a certeza que nenhuma delas já se sentou, de fato e laço, ingerindo qualquer bebida que fosse em areias escaldantes da Arábia! Mas vale a ilustração de Floc'h, que pode ajudar a descrever quando, contrariamente ao que se diz ser mais comum, não somos nós que estamos deslocados face a todos os outros, mas são todos os outros que se desadequam à nossa harmonia! Valha isto o que valer, implique isto o que implicar! Mas deve ser uma situação complicada, não acham?;)

Wednesday, March 15, 2006

Razões de me atribuirem um subsídio!;)




Eis a carqueja.... e os marmeleiros!

Um triste cenário


Falámos já da diferença - mas imanente complementaridade - dos Prazos do Serrazim físicos e dos seus congéneres no espaço web. Eis um triste cenário: ocorreu, no Verão passado, nos primeiro deles. Nem a actividade da ADAI e da Engenheira Cabral logrou afastar as labaredas dos aros (e não só!) de Coimbra! Os bombeiros, quais criancinhas caprichosas e choramingas, reclamam, agora, pateticamente, uma taxa extra. Uma TAXA! Para quê? Para, apesar dos inúmeros recursos que nos sorvem, nos deixarem queimar o País?? Tenham mas é juízo, mostrem que valem alguma coisa - e justifiquem as fortunas em meios que vos são atribuídos! Em Coimbra, no passado Verão, poucos foram os que viram os "soldados da paz" em torno das chamas!
Eu agora também quero uma taxa: um lunático pegou fogo aos meus marmeleiros. Considero-me um proprietário rural (!!) defraudado nas minhas legítimas expectativas de produtividade agrícola!;)
E a minha "valiosíssima" carqueja? Quem a paga, quem?;)

Saturday, March 11, 2006

elegância na BD


Ainda em relação a personagens bem vestidos (ainda que com um estilo um tanto ultrapassado!;))... ninguém suplanta os de Floc'h!

Uma ilustração:


Ainda a propósito do Spirou...

Confesso que sempre preferi o mais trapalhão e convencido Fantásio. Tudo bem, ele pode ser, de vez em quando, um bocado mania, mas tem sempre gravatas de jeito (algumas com "FF" e tudo) - e não aquela ridícula roupa de groom do Spirou - e o cabelo espetado!;)

uma questão de oportunidade


Há já uns tempos que não dedicava qualquer atenção a nenhum dos albuns do SPIROU (frise-se, aos do Franquin, e não aos seus péssimos descendentes) - mas, hoje, devido à conjunção de uma série de motivos (a tal questão de oportunidade referida no título) reli Os Ladrões do Marsupilami. Ok, já sei que o argumento não é extraordinário, e que tudo aquilo é muito datado! Mas, apesar de tudo, não resisti, e ri-me com prazer ao voltar a passar os olhos por alguns dos gags. Gosto bastante do do elefante, mas nada bate a dupla dos "Manos" Cam e Leão, com o Spip aos saltos, em redor, envergando aquela bizarra roupagem preta!:)

Thursday, March 09, 2006

a importância de se chamar...Mello e Senna!;)

tss,tss, que importância...enchamos o peito ufanos, Pai e Mana! É que o jazigo familiar aparece na "net"... e classificado como "imóvel" de interesse em Seia! Viva a Saudade e o cão!;)

Inventário artístico e religioso
SEPULTURA DE MARIA DO PATROCÍNIO DA FONSECA ANDRADE E MELLO (N.º 50)
Localização Cemitério de Seia Avenida 1º de Maio, Seia
Descrição Numa base de dois degraus ergue-se um plinto em cujas faces laterais se adossaram colunas de fuste estriado rematadas por fogaréus . O pedestal, com pilastras adossadas e rematado por um entablamento, tem relevos ornamentais na forma de uma roseta no topo de uma cortina e uma ampulheta com um par de asas e uma foice . No topo do pedestal, assente em modilhões, apresenta-se uma urna rematada por uma figura escultórica de um anjo . Também a base apresenta uma escultura de vulto, na figura de um cão . Todos os elementos foram executados em mármore.
InscriçãoHÎC JACET / D. MARIA DO PATROCINIO DA FONSECA ANDRADE E MELLO / NASCIDA A 20 DE DEZEMBRO DE 1857 / E / FALLECIDA EM 19 DE DEZEMBRO DE 1897 / TESTEMUNHO DE SAUDADE A MAIS VIVA / QUE Á SUA MEMÓRIA INDELEVEL CONSAGRA SEU MARIDO / ANTÓNIO D’ALMEIDA MELLO E SENNA.
Época de Construção1897 / 1898.
TipologiaArquitectura Funerária, sendo de destacar a simbologia da morte (relevo da ampulheta com a foice) e da fidelidade (a figura do cão).

Eis o local: R. da Atalaia, Bairro Alto

Almoçar na capital

De uma animada aposta com um amigo tão persistente como o Autor (sim, sim, sem modéstias... e com "A" maiúsculo - como nos livros velhos da casa da Avó: "A Ifigénia, off., como prova de muito reconhecimento, estima e amizade, o A.") resultou a descoberta de um restaurante tão pequeno como recomendável! O estímulo subjacente à amigável disputa era singelo: quem é que consegue encontrar um melhor lugar para almoçar, entendendo-se por melhor o espaço que mais capazmente reunisse as seguintes características:
a) boa cozinha (sem grandes fritalhadas nauseabundas, mas, por outro lado, sem cair na esquálida tristeza de um lugar "ligth"! Estavam em causa dois assumidos carnívoros!);
b) boa ambiência (não só de gerência e pessoal, mas também quanto à frequência. Ok, chamem-nos snobs, mas a caravana sempre passa);
c) isento de cheiros intensos a cozinhados (porque não há pior do que ficar a cheirar a escabeche ou a mau óleo de fritar o resto do dia! blergh!)
d) central (o que, atendendo aos participantes na contenda, significaria que o estabelecimento teria de se situar entre o Campo Pequeno e a Rua do Alecrim);
e) e, por fim (sim, e isto é que era mais complicado) que conseguisse reunir o essencial de todos os anteriores requisitos e NÃO SER CARO! Por não ser caro, depreendia-se que se pudesse, NO MÁXIMO, gastar entre 6,5 e 8 euros por refeição.

Seria possível?

Pois bem, após várias tentativas, julgo que - há já uns meses - descobri a solução ideal! Por mim, a contenda está vencida, e bem vencida! Falo (naturalmente, para quem conhece minimamente o A) do "Tachos & Tapas" da Rua da Atalaia.

Isto porque:

a) a cozinha, caseira, é francamente boa. As meias doses são suficientes se conjugadas com uma sopa, e as doses abundantes. Há grande variedade de pratos ao longo da semana, e em cada dia o cliente pode escolher entre três menus: "carne", "peixe" e "vegeta". A salada que acompanha a refeição é gratuita e diversificada. As sobremesas estão ao nível da restante oferta, destacando-se o cheesecake. Certa, só mesmo a picanha de quinta feira. Outros pratos relativamente habituais são uns bolos (ou pastéis, como sói dizer-se cá por baixo) de bacalhau convincentes, bem como um bacalhau à braz feliz;

b) o pessoal do "Tachos e Tapas" resume-se a três pessoas (o espaço é modesto, e mais seria desnecessário, e mesmo caricato): Maria, a dona (ou gerente, encarregada da caixa, do atendimento ao balcão - se for caso disso, e de alguns toques na cozinha); um rapaz que serve às mesas e uma cozinheira "palop" que pouco se vê. Maria e o seu assistente são verdadeiramente simpáticos e hospitaleiros, reservando não raro tempo para agradáveis atenções aos clientes costumeiros. Aliás, o espaço é poiso rotineiro de bastantes pessoas, que aí acorrem (pelo menos à hora de almoço) com grande frequência. Por estar frente à loja do Bairro de uma célebre estilista - sim, essa mesma, a que casou com um industrial de louça de Alcobaça e que exibe peças cobertas de brilhantes em Paris - que por lá aparece de vez em quando (sempre com o terrível dilema de "só ter notas de 50"... enfim...), o "Tachos & Tapas" conta com a presença regular de muitas modelos (mais ou menos conhecidas) da cena nacional. Aluda-se, a título de exemplo, à magérrima Fiona - a qual, não obstante a sua esqualidez, é das que melhor almoça. Tudo isto implica (e estamos no Bairro Alto) que surjam também personagens mais excêntricas. Exemplares daquela "pseudo-elite" satélite da alta-costura portuguesa (seja lá isso o que for!). Os meus predilectos - por serem um perfeito protótipo - são os 4 elementos de um grupo que sempre por lá encontro. Mas também temos a louca de meia idade que deve ser agente de modelos, e por lá aparece às 13.15, acabada de acordar! Lembram-se da Edina das Absolutely Fabulous? Bem, é uma espécie de versão portuguesa - e lê o "24 horas" (!)!. Mas também temos a designer de feito discreto e sapatos espampanantes, por vezes acompanhado do seu discreto namorado. E os jovens arquitectos (porventura sem grande talento) que, DIA APÓS DIA, não emitem um som que não seja um queixume ou lamúria contra os colegas e superiores do escritório. E os dois advogados e respectivas namoradas que gostam de almoçar cedo, lá para o meio dia e quarenta. Ou o jovem casal "fashion" que se alimenta essencialmente de sumo de laranja natural. Isto, claro está, entre vários outros!

c) as refeições são confeccionadas em boa parte antes da abertura do restaurante - ou são complementadas num pequeno espaço uma porta à frente. No "Tachos & Tapas", quase somente se aquecem os pratos. Ora, isso é excelente... não há cheiros!:)

d) o "Tachos & Tapas" fica na Rua da Atalaia, a dois passos do Camões, perto de tudo. Para lá se chegar (e vindo do Camões), passamos por uma lojinha onde se vende imprensa estrangeira (o que é bom) e por um penhoristas (o que já é pior), pelas velas do Loreto, por um antiquário de preços inflacionados - ou não servisse de base à Causa Real - e uma ourivesaria armante, que faz gala em plagiar o monograma de Luís XIV!

e) e o preço, meus amigos... o preço é excelente! Eu fico-me SEMPRE pelos 6 euros e 15 cêntimos!

Já sabem! Se estiverem indecisos, vão espreitar. Se por lá passarem por volta das 13, e virem um rapaz de cabelo espetado a ler o "Público"... podem falar-lhe dos PRAZOSDOSERRAZIM!;)