Uma língua tem de ser viva!
Num pequeno, praticamente desconhecido mas curioso livro que editou às suas custas em 1953 - "Goa terra indo-portuguesa (Documentário)" - Rodrigo Wolfango Robusto anotava:
"Ao abrir. Os mistérios fatais de ortografia moderna devem decerto dar origem a que se insinuassem neste opúsculo vários erros - a correcção deixa-a o autor à inteligência e bom-senso do benévolo leitor."
Breves (num quadro histórico tão amplo como é o da nossa língua) 50 anos volvidos, eis que surgem reacções muito semelhantes às de Robusto. Já não de Goa - onde, infelizmente, o pouco português que se pratica se vai arcaizando (denotando preocupante falta de uso) - mas dentro do nosso próprio país.
As mudanças que alarmavam Rodrigo Wolfango são hoje, para nós, banais evidências.
As mudanças que, hoje, alegremente se devem saudar - sinal da vitalidade da língua que também é nossa (pois, não é coisa só nossa, dos portugueses) e da lusofonia - também o serão, dentro de umas décadas.
Rodrigo Robusto assustou-se, mas já não existe. A língua persiste. A língua e a sua evolução transcendem-no, e muito.
Pena é que muitos críticos não percebam isso.