UM ILHÉU NO JAPÃO
O meu primo JP foi dos primeiros a deixar os seus comments no presente blog – ou seja, conseguiu ultrapassar a inacreditável barreira de timidez (?) que diversíssimos amigos (SIM, ESTOU A FALAR COM TODOS VOCÊS!;)) alegam. É quase exasperante ouvir dizer: “sim, até vou de vez em quando ver o teu blog, mas deixar comments... isso já é mais complicado...”. E as desculpas sucedem-se, por vezes afivelando tons que alcançam o picaresco: “escrever o quê... eu prefiro dizer-te “ao vivo””, ou “mas, L, escrever um comment... bom, TODA a gente pode ver, não é verdade!?!”.
Enfim, desculpas vãs!
No entanto, JP não hesitou, e não deixou de debitar alguma da sua cínica ironia em observações aos textos (ficava bem dizer “modestos textos”, não ficava? – mas NINGUÉM acreditaria se eu fizesse um elogio à modéstia, seja ela falsíssima ou da maior genuinidade possível) que por estes PRAZOS DO SERRAZIM se vão “plantando”! Esta é uma boa característica do rapaz: apesar do seu humor vacilante, não deixa de, sempre que pode, dar uma ajuda aos primos! JP foi, talvez, o último dos desterrados portugueses. Não, não se trata de nenhum retornado, que ainda hoje se compraza em carpir a sua nostalgia de Luanda. Nem tem idade para isso (nem feitio, claro está!). JP suspirava, isso sim, pelas negras areias e verdes serrados da sua natal ilha. Tal como o seu conterrâneo Vitorino N., veio para Coimbra (atenção, PARA Coimbra, não A Coimbra – porque JP, a Coimbra, vem desde sempre – coisa de que Nemésio não se podia orgulhar, pelo que se tinha de bastar com aquela feia CASA DAS TIAS). Durante o primeiro ano “continental”, lamentava um pouco o seu quinhão perdido no meio do oceano. E tentava coisas impossíveis: agigantar (obviamente sem glória) a inegavelmente bela Angra face à inebriante face da terceira urbe do País; debitar os seus impressionantes conhecimentos geográficos locais (sim, ele é capaz de saber quantas ervas são necessárias por minuto para que cada uma das 5.000.000.000 vacas açoriana produzam 297 gramas da afamada manteiga “Milhafre”) em prol do arquipélago; cair na tentação de que é o “continente” que subiste à custa das Ilhas, e não vice-versa! Mas tudo é fugaz e passageiro! JP instalou-se há uns meses no Japão – isto porque Coimbra, como boa urbe “metropolitana das Beiras” se pode comprazer de ter, dentro de portas, não só o Japão, como também Marrocos (das varandas de minha casa, por exemplo, vejo claramente ambos!) – e agora é difícil de lá sair! Fascinado com as confrontações e limites da sua nova “ilha”, percorre os extremos da mesma, calcorreia as estradas – mesmo as mais calamitosas – das cercanias, e jurou mesmo que o Vale do Inferno quase chegava à Solum!;) Manteve, no entanto, a coerência numa coisa: permanece defendendo as zonas mais oprimidas e segregadas face às dominantes. Assim, se outrora pugnava em favor dos Açores face ao “continente”, hoje eleva a bandeira de Santa Clara, na margem esquerda do rio (a margem do Sócrates cujas poliquices tanto aprecia!;)) face à novel Ponte Rainha Santa. Os primos, das alturas da Teófilo, meneiam a cabeça perante tal atitude. Por vezes, há guerras condenadas à nascença!
Este Ilhéu Conimbricense – que (embora não goste muito que tal se lhe recorde) tem tantos costados de Coimbra como da Angra, e é ¾ continental e ¼ açoriano – cumpre hoje mais um aniversário. Esta é para ele, com probabilidade, uma data especial – pois hoje, e só hoje, não terá de andar a saltar de lugar em lugar (triste sina a de se ser mais novo!) em torno da larga mesa da Avó, podendo, à cabeceira, presidir a parentela! Enfim, e relembrando a sua simpatia em colaborar os com os mesmos, os PRAZOS DO SERRAZIM não poderiam deixar de lhe dedicar as fotos dos seus dois grandes “musts” geográficos: Angra e o “Japão”!