Dois anos com... Zabi!
Celebram-se
hoje os dois anos do dia em que a nossa Família se viu ampliada com um novo – e
muito especial – e elemento: a Zabi! E passa, também, igual tempo em torno da data em que uma
das minhas ilusões sobre o funcionamento das maternidades (motivada certamente
pelo que os filmes e séries americanas nos induzem… ou por, na verdade, nunca,
até então, ter verdadeiramente pensado sobre o assunto) caiu redondamente por
terra: não, não se podem ir ver os novos membros da estirpe mal eles nascem (a
não ser que se seja o progenitor da criança, naturalmente!). É preciso esperar
até à hora de visitas seguinte, como se de uma visita a um qualquer amigo com o
pé partido se tratasse! Ora, como a Zabi (já dando mostras de alguma identidade
de carácter com a sua madrinha) nasceu a altas horas da noite, ainda tivemos de
esperar uma boa temporada antes de lhe irmos dar um primeiro “olá”!
A
esse “olá” seguiram-se muitos outros e, cada vez mais, a Zabi foi-se tornando parte integrante – e importante – das nossas dinâmicas familiares. Refira-se,
contudo, que se, por um lado, usufrui das benesses de ainda ser a única
representante da nova geração (todos os olhares confluem para S. Ex.a, e todos
os “recuerdos” e presentes para criancinhas que a parentela vai encontrando por
onde passa são logo alvo da já clássica ponderação “Será que a Zabi ia gostar?”;
isto não obstante haver alguma censura “saudável”, como quando me proibiram de
comprar um xilofone numa feira semi-étnica realizada em Leiria, invocando a
saúde mental dos pais da criança), por outro, a Zabi tem de ir satisfazendo as
expectativas de pais, avós, tios, bisavós, primos, etc, etc… e não sei se isso
lhe será sempre fácil! A Zabi tem de saber contar, brincar com o ábaco,
distinguir taças chinesas de indianas (e já ir conhecendo alguma coisa de
antiguidades – diz-se que um tal Tio Luís, que ela tem, jura que a sobrinha já
demonstra simpatia por louça mandarim, o que, invoca, só pode ser genético),
desenhar razoavelmente e identificar as cores. Tem de ser sociável, mas não ser
demasiado show-off, tem de gostar de plantas e de praia, apreciar jornais (que
ela aprecia verdadeiramente, sobretudo quando os amachuca!) e, claro, ser uma
ávida leitora. Tem de saber jogar ao ringue e nadar, e um dia destes começar a
treinar o seu ténis e a andar de bicleta. Tem de saber fundamentos de religião e de ser
irrepreensivelmente bem educada, tem de aprender a começar a cozinhar, tem de …
uf! tantas coisas as que todos os que a rodeiam anseiam por que ela aprenda!
E,
no entanto, apesar de todo este afã, a Zabi constantemente nos surpreende, ao
ficar cada vez mais crescida e despachada – mesmo quando se porta mal, e, para
aprender a ter juízo, tem direito a um ralhete e a uma palmada (que ela
contesta, por vezes, com um “Ai, Tio!” entre o zangado e o choroso).
Na
sua qualidade de membro da nova geração, todos se comprazem, em paralelo, a ver
como algumas das (boas e más, sejamos sinceros) características da família se
vão perpetuando nesta rapariga alta e desempenada, com os seus caracóis escuros
e revoltos e sorriso fácil.
Em
primeiro lugar, todos sabíamos – mesmo os que talvez não desgostassem de ver
nascer um rapaz – que IA SER uma rapariga! Não havia alternativa, não havia
hipóteses de contornar o destino e a genética: há oito gerações que a família
da Avó materna da Zabi, no seu ramo primogénito, apenas “produz” raparigas. Não
ia ser nos nossos dias que se ia quebrar a “regra” de continuar a tradição.
Por
outro lado, a Zabi representa (e só senti isso, na verdade, quando ela nasceu)
efetivamente uma garantia de que a família se vai renovando (esperemos que só
herde os aspetos positivos, e que os demais vão caindo no esquecimento – embora, aos
poucos meses de vida, tenhamos logo constatado que, como boa Motta-Veiga, a
Zabi transpira abundantemente da cabeça, dando assim continuidade a pesada
herança que aflige muitos de nós!). Para orgulho do seu tio genealogista (e uma
vez que o nome Isabel Abranches Borges da Gama da Rocha Pinto Leite Guedes
Pinto Pereira Coutinho d’Azevedo Faria Ribeiro Pessoa de Aguiar Osório
d’Almeida Mello e Senna da Motta-Veiga Cabral Real era, realmente, um bocadinho
excessivo), usa, da banda materna, os apelidos Rocha e Cabral (e foi, aliás, na
capela da VP, evocando a história várias vezes centenária daquele pequeno
templo setecentista, especialmente encomendada, como é tradição, à padroeira da
sua família, Nossa Senhora da Conceição da Rocha) que, assim, escapam
certamente (mesmo que todos os mais morram num cataclismo, e só sobre a Zabi) à
voragem dos anos. Oxalá – aventa o tio genealogista – que ela um dia case com
um rapaz simpático, que não se importe muito em ceder um dos lugares dos “seus”
apelidos na composição dos dos filhos do casal para também estes (ou, pelo
menos, um deles) serem Rocha e Cabral.
Segundo
diz certa lenda familiar (eventos importantes dão sempre azo ao surgimento destes
ditos mais ou menos mitificados), o pai da criança – alma pacífica e cordata,
que casou com uma “generala” e, por acréscimo, se tornou primo de outros dois
“generais” – teria, talvez num momento de exasperação em resultado de algum
encontro com este estado-maior em que todos adoram opinar e dar ordens,
desejado que a futura filha se parecesse fisicamente com a mãe, mas que, no que
ao feitio diz respeito, saísse ao progenitor. Doce e cândida ilusão: a Zabi é a
cara do seu estremecido pai, mas de feitio tem muito, muito, muito de
mini-general. Ou seja, o estado-maior um dia destes passa a contar com quatro
elementos.
Outra
das caraterísticas em que nos revemos na Zabi é no pantagruélico apetite da
nova Cabral! Senhores, é um autêntico poço sem fundo! Mas, na verdade, outra
coisa não era possível: a sua 4ª avó gostava tanto de bifes que, pouco antes de
chegar aos noventa, e já praticamente sem dentes, ainda os enfrentava sem
temor; a sua Avó materna, apesar de ser baixa e magrinha, comia com enorme
prazer e abundância. E, do lado Motta-Veiga (sobretudo) e Cabral, lá estão,
pelas paredes, esses rotundos avoengos, que testemunham à saciedade a largueza
de suas mesas e estômagos. Claro que esta simpatia pelo que é comestível pode
ter um lado menos simpático: e a Zabi (vítima, talvez, dos excessos da Mãe e
dos Tios, um bocado preocupados com a herança familiar de tendência para
facilmente se conseguir peso a mais) já vai sofrendo algumas ligeiras
restrições, que ela enfrenta com o seu habitual sorriso, enquanto pede mais uma
bolacha maria!
Pois
bem, a Zabi celebra hoje dois anos de vida, entre muitos parentes e amigos, na
casa dos seus avós paternos, no VS. Especialmente satisfeito por ter tido a
ventura de contar com uma sobrinha como ela, o Tio babado só pode desejar –
como aprendeu a pedir, muito pequeno, juntamente com a sua irmã, com o pai de
ambos, e como até hoje (e se calhar até aos 100 anos!), diariamente rememora –
que, tal como “o Luís e a Joana”, ela “cresça grande, linda e feliz”! PARABÉNS
ZABI!!! J
1 Comments:
Adorei! Vou imprimir e guardar o post para lhe mostrar quando ela aprender a ler......talvez lá para setembro..ou estaremos a ser demasiado ambiciosos?!
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