Saturday, July 21, 2012

Dois anos com... Zabi!



Celebram-se hoje os dois anos do dia em que a nossa Família se viu ampliada com um novo – e muito especial – e elemento: a Zabi! E passa, também, igual tempo em torno da data em que uma das minhas ilusões sobre o funcionamento das maternidades (motivada certamente pelo que os filmes e séries americanas nos induzem… ou por, na verdade, nunca, até então, ter verdadeiramente pensado sobre o assunto) caiu redondamente por terra: não, não se podem ir ver os novos membros da estirpe mal eles nascem (a não ser que se seja o progenitor da criança, naturalmente!). É preciso esperar até à hora de visitas seguinte, como se de uma visita a um qualquer amigo com o pé partido se tratasse! Ora, como a Zabi (já dando mostras de alguma identidade de carácter com a sua madrinha) nasceu a altas horas da noite, ainda tivemos de esperar uma boa temporada antes de lhe irmos dar um primeiro “olá”!
A esse “olá” seguiram-se muitos outros e, cada vez mais, a Zabi foi-se tornando  parte integrante – e importante – das nossas dinâmicas familiares. Refira-se, contudo, que se, por um lado, usufrui das benesses de ainda ser a única representante da nova geração (todos os olhares confluem para S. Ex.a, e todos os “recuerdos” e presentes para criancinhas que a parentela vai encontrando por onde passa são logo alvo da já clássica ponderação “Será que a Zabi ia gostar?”; isto não obstante haver alguma censura “saudável”, como quando me proibiram de comprar um xilofone numa feira semi-étnica realizada em Leiria, invocando a saúde mental dos pais da criança), por outro, a Zabi tem de ir satisfazendo as expectativas de pais, avós, tios, bisavós, primos, etc, etc… e não sei se isso lhe será sempre fácil! A Zabi tem de saber contar, brincar com o ábaco, distinguir taças chinesas de indianas (e já ir conhecendo alguma coisa de antiguidades – diz-se que um tal Tio Luís, que ela tem, jura que a sobrinha já demonstra simpatia por louça mandarim, o que, invoca, só pode ser genético), desenhar razoavelmente e identificar as cores. Tem de ser sociável, mas não ser demasiado show-off, tem de gostar de plantas e de praia, apreciar jornais (que ela aprecia verdadeiramente, sobretudo quando os amachuca!) e, claro, ser uma ávida leitora. Tem de saber jogar ao ringue e nadar, e um dia destes começar a treinar o seu ténis e a andar de bicleta. Tem de saber fundamentos de religião e de ser irrepreensivelmente bem educada, tem de aprender a começar a cozinhar, tem de … uf! tantas coisas as que todos os que a rodeiam anseiam por que ela aprenda!
E, no entanto, apesar de todo este afã, a Zabi constantemente nos surpreende, ao ficar cada vez mais crescida e despachada – mesmo quando se porta mal, e, para aprender a ter juízo, tem direito a um ralhete e a uma palmada (que ela contesta, por vezes, com um “Ai, Tio!” entre o zangado e o choroso).
Na sua qualidade de membro da nova geração, todos se comprazem, em paralelo, a ver como algumas das (boas e más, sejamos sinceros) características da família se vão perpetuando nesta rapariga alta e desempenada, com os seus caracóis escuros e revoltos e sorriso fácil.
Em primeiro lugar, todos sabíamos – mesmo os que talvez não desgostassem de ver nascer um rapaz – que IA SER uma rapariga! Não havia alternativa, não havia hipóteses de contornar o destino e a genética: há oito gerações que a família da Avó materna da Zabi, no seu ramo primogénito, apenas “produz” raparigas. Não ia ser nos nossos dias que se ia quebrar a “regra” de continuar a tradição.
Por outro lado, a Zabi representa (e só senti isso, na verdade, quando ela nasceu) efetivamente uma garantia de que a família se vai renovando (esperemos que só herde os aspetos positivos, e que os demais vão caindo no esquecimento – embora, aos poucos meses de vida, tenhamos logo constatado que, como boa Motta-Veiga, a Zabi transpira abundantemente da cabeça, dando assim continuidade a pesada herança que aflige muitos de nós!). Para orgulho do seu tio genealogista (e uma vez que o nome Isabel Abranches Borges da Gama da Rocha Pinto Leite Guedes Pinto Pereira Coutinho d’Azevedo Faria Ribeiro Pessoa de Aguiar Osório d’Almeida Mello e Senna da Motta-Veiga Cabral Real era, realmente, um bocadinho excessivo), usa, da banda materna, os apelidos Rocha e Cabral (e foi, aliás, na capela da VP, evocando a história várias vezes centenária daquele pequeno templo setecentista, especialmente encomendada, como é tradição, à padroeira da sua família, Nossa Senhora da Conceição da Rocha) que, assim, escapam certamente (mesmo que todos os mais morram num cataclismo, e só sobre a Zabi) à voragem dos anos. Oxalá – aventa o tio genealogista – que ela um dia case com um rapaz simpático, que não se importe muito em ceder um dos lugares dos “seus” apelidos na composição dos dos filhos do casal para também estes (ou, pelo menos, um deles) serem Rocha e Cabral.
Segundo diz certa lenda familiar (eventos importantes dão sempre azo ao surgimento destes ditos mais ou menos mitificados), o pai da criança – alma pacífica e cordata, que casou com uma “generala” e, por acréscimo, se tornou primo de outros dois “generais” – teria, talvez num momento de exasperação em resultado de algum encontro com este estado-maior em que todos adoram opinar e dar ordens, desejado que a futura filha se parecesse fisicamente com a mãe, mas que, no que ao feitio diz respeito, saísse ao progenitor. Doce e cândida ilusão: a Zabi é a cara do seu estremecido pai, mas de feitio tem muito, muito, muito de mini-general. Ou seja, o estado-maior um dia destes passa a contar com quatro elementos.

Outra das caraterísticas em que nos revemos na Zabi é no pantagruélico apetite da nova Cabral! Senhores, é um autêntico poço sem fundo! Mas, na verdade, outra coisa não era possível: a sua 4ª avó gostava tanto de bifes que, pouco antes de chegar aos noventa, e já praticamente sem dentes, ainda os enfrentava sem temor; a sua Avó materna, apesar de ser baixa e magrinha, comia com enorme prazer e abundância. E, do lado Motta-Veiga (sobretudo) e Cabral, lá estão, pelas paredes, esses rotundos avoengos, que testemunham à saciedade a largueza de suas mesas e estômagos. Claro que esta simpatia pelo que é comestível pode ter um lado menos simpático: e a Zabi (vítima, talvez, dos excessos da Mãe e dos Tios, um bocado preocupados com a herança familiar de tendência para facilmente se conseguir peso a mais) já vai sofrendo algumas ligeiras restrições, que ela enfrenta com o seu habitual sorriso, enquanto pede mais uma bolacha maria!
Pois bem, a Zabi celebra hoje dois anos de vida, entre muitos parentes e amigos, na casa dos seus avós paternos, no VS. Especialmente satisfeito por ter tido a ventura de contar com uma sobrinha como ela, o Tio babado só pode desejar – como aprendeu a pedir, muito pequeno, juntamente com a sua irmã, com o pai de ambos, e como até hoje (e se calhar até aos 100 anos!), diariamente rememora – que, tal como “o Luís e a Joana”, ela “cresça grande, linda e feliz”! PARABÉNS ZABI!!! J

1 Comments:

At 1:39 AM, Blogger coisasnumacaixa said...

Adorei! Vou imprimir e guardar o post para lhe mostrar quando ela aprender a ler......talvez lá para setembro..ou estaremos a ser demasiado ambiciosos?!

 

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