PRIDE AND PRUDENCE (considerações em torno de cartas astrológicas)
“Pride
and prudence”: foi assim que me caracterizaram, há já
uns tempos, em parte por ser um admirador do “Pride and Prejudice”, de J. A. (e
compreender bem a postura de Mr. D.), em parte por, aparentemente, nortear
todas as minhas ações por esse binómio – transmitindo uma sensação de altivez/orgulho/auto-controlo
e agindo com cautela e a maior sensatez possível, de forma a não dar passos em
falso. Ou seja, mantendo os indesejáveis a uma distância saudável e analisando,
graças a esse estratagema, a melhor forma de abordagem ao que me interessa… de modo
a fazê-lo tão eficazmente quanto possível, ou seja, de maneira a ganhar. E isto
enquanto mantenho uma atitude cordial, conversando intensamente com todos os
que se cruzam comigo, devorado por uma insaciável curiosidade. Bom… isto é o
que alguém disse, não sei se
corresponde à verdade, nem creio que traduza bem a forma como eu me vejo.
No entanto, lembrei-me
destas vagas e inofensivas considerações quando, há uma semana, num jantar
particularmente divertido à beira do Tejo, entre um grupo bem disposto (e muito
especial, não fosse um bando de académicos, e, mais, de gente que estuda Goa)
que congregava especialistas de diferentes campos, boa parte dos quais já
conhecidos uns dos outros (não somos assim TANTOS), uma colega e amiga teceu um
par de considerações acerca (não sei como dizer isto corretamente….há-de ter
algum nome técnico que eu desconheço!) do meu signo/horóscopo… o que lhe
quiserem chamar. Todos os que me conhecem sabem o quão cético eu sou
relativamente a estes saberes, mas não posso deixar de registar algumas das
minhas (alegadas) particularidades, devidas precisamente a esse “ascendente
astrológico” (será que isto se pode dizer assim?!?)
Aparentemente, tenho o azar de ter nascido “capricórnio
com ascendente em capricórnio”. Ora, eu, quando confrontado com tal informação,
absolutamente ignorante na matéria, até achei bem… parece coerente, não? Pelo
menos, pensei, não havia confusões. Na verdade, parece que esta monotonia
zodiacal NÃO é, afinal de contas, bom sinal. Se tiveres não um, mas dois pontos
no mesmo signo, corres o risco de exacerbar as virtudes desse mesmo signo (as
quais, quando levadas ao exagero, podem redundar em defeito) e ampliar
ilimitadamente os maus traços que lhe estão associados (sendo que estes
raramente se convertem em qualidades!).
Ora, uma das minhas
características mais marcantes – minhas e de todos aqueles que, como eu, bisem
no capricórnio – será, de acordo com esta ciência, precisamente uma enorme
prudência, manipulada e escrava, se bem percebi, de uma ambição que, quando não
vigiada de perto, se pode tornar incómoda e por uma sede de vitória constante.
Basicamente: o ambicioso empedernindo, o tipo que em tudo vê um desafio para
ganhar (e, ai!, eu aqui revejo-me um bocado, para não dizer muito, como
testemunha o péssimo perder que tão trabalhosa mas inutilmente tento sempre disfarçar,
e que só alguns dos meus familiares e amigos mais próximos realmente conhecem)
gosta de jogar com prudência, para garantir o sucesso da empreitada.
E isto vale tanto na
vida profissional, como no lazer, como, naturalmente, na vida emocional.
Portanto, um “duplo
capricórnio” entra num emprego para chegar ao topo, toma parte num desafio de
olho na vitória, ensaia uma tentativa de relacionamento para o dito dar certo (o
que parece ser uma das parcas vantagens desta maldosa “dobradinha zodiacal”: os
relacionamentos, tal como os restantes projetos do indivíduo em questão,
demoram a pegar, mas têm tendência a ser bem sucedidos; a parte má é que,
primeiro, é preciso encontrar alguém na qual se deposite suficientes esperanças
de sucesso para justificar o desafio).
Afinal, “pride and
prudence” e “parelha capricorniana” até podem ter algo em comum… Mas foram
precisos anos de intervalo para o descobrir! ;)
Fica, no entanto, a
pairar a questão: amaldiçoados os duplos-capricórnios porque muito desejam e
toda a vida lutam para o ter, ou abençoados os duplos capricórnios porque
mantêm viva uma sede de ir mais além que alimenta uma existência que se espera
cheia de sucessos?
Digam os leitores de
vossa justiça. Eu, prudentemente… observo! ;)
5 Comments:
Ainda me estou a rir, ao recordar a nossa conversa sobre isso. Aliás, só por ti fiquei a saber que os pobres capricórnios são movidos por essa louca amnbição (e o meu ascendente é precisamente capricórnio e não tenho ambição nenhuma...). Mas bom, mesmo bom, é não sermos Peixes! Ou ter Saturno em quarto minguante, ou coisa que o valesse!
Ora bem, sobre a questão, eu diria que o equilíbrio entre as duas tendências é o melhor, é a curiosidade que move montanhas e destrói obstáculos; para obter sucessos, depende do que se entende por sucesso. Portanto, bem-aventurados os duplos (e mono) capricórnios, que ambicionam sentirem-se felizes, independentemente do que isso signifique para os outros.
E um óptimo fim de semana (mesmo sem mangas de Goa)!
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Bem visto, C!
E como seria bom, realmente, atacar agora um par de mangas malcoradas com café (uma combinação que acho especialmente feliz!).
E, relembrando a cantilena clássica do Tomás Mourão ("As mangas de Goa"):
"A rugosa mal-corada/
Faz lembrar o carnaval;
Mascarada é uma velha
E por dentro angelical"
E agora o refrão célebre:
"Portugal tem bellas fructas/
No Brazil as ha tambem;
Mas como as da nossa Goa,
Nenhuma outra terra as tem!"
Yammiii, mangas com café?!!
Adoro mangas e adoro café, mas nunca os juntei, só a combinação de cores já me agrada :)
!!! E sim:
"...como as da nossa Goa,
Nenhuma outra terra as tem!
Beijinho cor de manga
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