SOBRINHAS
Tudo
indica que, daqui a uns meses, vou poder orgulhar-me de juntar mais uma
sobrinha – que, naturalmente, já se prevê (como não?!?) giríssima e espertíssima
– ao ainda magro lote composto pela próxima geração, patamar que, de presente,
é habitado somente pela Zabi. É claro que, antes de se saber se o futuro Cabral
seria menino ou menina, os espíritos divagaram livremente, planando em torno dos
desejos acalentados por cada um de nós. Eu, confesso, não partilhei de forma
muito intensa dessa efervescência que sempre precede a “descoberta” do sexo do
novo membro da família, talvez por – se calhar fiando-me demais no peso da
história – estar plenissimamente convencido de que iria, em breve, exibir ao
mundo mais uma sobrinha. Na família da minha Tia I. (a avó da
sobrinha-que-irá-nascer), são já sete as gerações em que apenas se têm
raparigas, o que não deixa de ser um facto curioso e, de alguma forma, um feito
impressionante (para não acrescentar “e um argumento de peso”!). Basta passar os
olhos pela listagem:
1)
o casal Josefa Maria/José Luís teve:
a)
Maria da Luz
b)
Maria Máxima
c)
Maria dos Prazeres
2)
Maria da Luz e o seu marido João Maria tiveram:
a)
Maria do Céu
b)
Maria Celeste
c)
Maria José I
d)
Maria José II
c)
Maria José III (a que sobreviveu)
e)
Arminda
3)
Maria Celeste casou com Vítor, de quem houve somente:
4)
Maria Alice, que teve do seu casamento com Abel dos Anjos:
a)
Maria Isabel
b)
Maria Teresa
c)
Maria do Carmo
d)
Maria Celeste
5)
Maria Isabel casou com João Horácio, de quem houve somente:
6)
Paula, a qual casou com Diogo), e são os pais da
7)
Isabel (aka Zabi) e, agora, da sobrinha-que-irá-nascer
Admitam:
se estivessem cientes desta informação, vacilariam ao ser-vos pedida opinião?
Mais: ponderariam sequer TER uma opinião, ou limitavam-se a, também, admitir
que o benefício de ter mais uma sobrinha era praticamente um…fait accompli! ;)
É
claro que, mal soube que ia contar com mais uma sobrinha, alardeei um pouco a
notícia (é uma das vantagens do facebook,
certo?!), para além de ter comunicado a feliz nova a um punhado de gente. As
reações foram, em regra, positivas e entusiásticas, como é usual (e normal, e
saudável) nestes casos. No entanto, é impossível não registar algumas das reações
mais bizarras com que igualmente me confrontei. Por um lado, os que fizeram um
sorriso amarelo e disseram parabéns,
parabéns! Mais uma sobrinha… Não tens pena de não ter sido um rapaz?
– ao que eu, genuinamente surpreendido com tanta parvoíce e apanhado um pouco
desprevenido, contestei enfaticamente que isso
para mim era absolutamente indiferente, e que esta não seria, certamente, a
última sobrinha/sobrinho que eu iria conhecer ao longo da vida. Outros
comentaram Agora só há meninas! Depois
ficam todas solteironas! Como é que se há-de fazer daqui a uns anos?! A
estes, confesso, nem dei resposta… Também houve alguém a aventar Enfim, já que é outra menina, pelo
menos é mais económico…não tem de se comprar quase nada, herda tudo da irmã. O
cultivador destes prazos – rapaz pobre mas brioso (como, em regra, sucede com
as pessoas pobres) – indignou-se face a tais considerações pequenino-burguesas.
Enfim, a sobrinha-que-irá-nascer pode não ter a ventura de vir ao mundo numa
família dotada de mananciais de euros, nem dormirá certamente com a cabeça
reclinada em almofadas recheadas de notas; no entanto, ainda haverá meia dúzia
de moedas para comprar coisas para ela, coisas que, tal como ela, sejam exclusivas
(o que não quer, naturalmente, dizer que não “herde” vária da parafernália que
foi usada pela mana mais velha)! Outros ainda comentaram Ah! Não queres ter sobrinhos rapazes para não haver competição. Assim
continuas a ser o único. Perante tais raciocínios tive vontade de reprimir
fortíssima gargalhada: meus caros, nem que eu fosse o 7º de 17 irmãos e tivesse
29 sobrinhos, jamais deixaria de me sentir o centro do universo. Some things never change, não sabiam? :P
Bom,
leitores destes prazos, como já
certamente perceberam, não adiantou mesmo nada virem azucrinar-me com a
lengalenga do sublinharem o outra da expressão “outra sobrinha” com significados aos quais nem sequer me digno prestar
especial atenção. Espero, isso sim, que, depois desta outra, venham
muitas outras: serão todas, certamente, diferentes entre si, e o Tio –
sejam elas 2, 4 ou 7, gostará certamente muito de todas e de qualquer uma
delas, e ufanar-se-á de exibir uma roda de sobrinhas despachadas e decididas,
giríssimas e inconfundíveis que, sejam quantas foram, jamais se sentirão mais uma!
E,
afinal de contas, ter muitas sobrinhas e sobrinhos é um alívio para a pobre
Zabi. Eu gosto de dizer que nada peço à próxima geração a não ser um
catedrático de direito, um catedrático de medicina, um general e um arcebispo
de Braga. Posto momentaneamente de lado o prelado (para esse lugar, pelo menos
por enquanto, é mesmo preciso um sobrinho), pelo menos a Zabi já terá alguém
com que repartir tais incumbências! ;)
1 Comments:
;)
Parabéns orgulhoso tio!
Beijinhos*
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