Wednesday, January 23, 2013

SOBRINHAS


Tudo indica que, daqui a uns meses, vou poder orgulhar-me de juntar mais uma sobrinha – que, naturalmente, já se prevê (como não?!?) giríssima e espertíssima – ao ainda magro lote composto pela próxima geração, patamar que, de presente, é habitado somente pela Zabi. É claro que, antes de se saber se o futuro Cabral seria menino ou menina, os espíritos divagaram livremente, planando em torno dos desejos acalentados por cada um de nós. Eu, confesso, não partilhei de forma muito intensa dessa efervescência que sempre precede a “descoberta” do sexo do novo membro da família, talvez por – se calhar fiando-me demais no peso da história – estar plenissimamente convencido de que iria, em breve, exibir ao mundo mais uma sobrinha. Na família da minha Tia I. (a avó da sobrinha-que-irá-nascer), são já sete as gerações em que apenas se têm raparigas, o que não deixa de ser um facto curioso e, de alguma forma, um feito impressionante (para não acrescentar “e um argumento de peso”!). Basta passar os olhos pela listagem:
1) o casal Josefa Maria/José Luís teve:
a) Maria da Luz
b) Maria Máxima
c) Maria dos Prazeres
2) Maria da Luz e o seu marido João Maria tiveram:
a) Maria do Céu
b) Maria Celeste
c) Maria José I
d) Maria José II
c) Maria José III (a que sobreviveu)
e) Arminda
3) Maria Celeste casou com Vítor, de quem houve somente:
4) Maria Alice, que teve do seu casamento com Abel dos Anjos:
a) Maria Isabel
b) Maria Teresa
c) Maria do Carmo
d) Maria Celeste
5) Maria Isabel casou com João Horácio, de quem houve somente:
6) Paula, a qual casou com Diogo), e são os pais da
7) Isabel (aka Zabi) e, agora, da sobrinha-que-irá-nascer

Admitam: se estivessem cientes desta informação, vacilariam ao ser-vos pedida opinião? Mais: ponderariam sequer TER uma opinião, ou limitavam-se a, também, admitir que o benefício de ter mais uma sobrinha era praticamente um…fait accompli! ;)
É claro que, mal soube que ia contar com mais uma sobrinha, alardeei um pouco a notícia (é uma das vantagens do facebook, certo?!), para além de ter comunicado a feliz nova a um punhado de gente. As reações foram, em regra, positivas e entusiásticas, como é usual (e normal, e saudável) nestes casos. No entanto, é impossível não registar algumas das reações mais bizarras com que igualmente me confrontei. Por um lado, os que fizeram um sorriso amarelo e disseram parabéns, parabéns! Mais uma sobrinha… Não tens pena de não ter sido um rapaz? – ao que eu, genuinamente surpreendido com tanta parvoíce e apanhado um pouco desprevenido, contestei enfaticamente que isso para mim era absolutamente indiferente, e que esta não seria, certamente, a última sobrinha/sobrinho que eu iria conhecer ao longo da vida. Outros comentaram Agora só há meninas! Depois ficam todas solteironas! Como é que se há-de fazer daqui a uns anos?! A estes, confesso, nem dei resposta… Também houve alguém a aventar Enfim, já que é outra menina, pelo menos é mais económico…não tem de se comprar quase nada, herda tudo da irmã. O cultivador destes prazos – rapaz pobre mas brioso (como, em regra, sucede com as pessoas pobres) – indignou-se face a tais considerações pequenino-burguesas. Enfim, a sobrinha-que-irá-nascer pode não ter a ventura de vir ao mundo numa família dotada de mananciais de euros, nem dormirá certamente com a cabeça reclinada em almofadas recheadas de notas; no entanto, ainda haverá meia dúzia de moedas para comprar coisas para ela, coisas que, tal como ela, sejam exclusivas (o que não quer, naturalmente, dizer que não “herde” vária da parafernália que foi usada pela mana mais velha)! Outros ainda comentaram Ah! Não queres ter sobrinhos rapazes para não haver competição. Assim continuas a ser o único. Perante tais raciocínios tive vontade de reprimir fortíssima gargalhada: meus caros, nem que eu fosse o 7º de 17 irmãos e tivesse 29 sobrinhos, jamais deixaria de me sentir o centro do universo. Some things never change, não sabiam? :P

Bom, leitores destes prazos, como já certamente perceberam, não adiantou mesmo nada virem azucrinar-me com a lengalenga do sublinharem o outra da expressão “outra sobrinha” com significados aos quais nem sequer me digno prestar especial atenção. Espero, isso sim, que, depois desta outra, venham muitas outras: serão todas, certamente, diferentes entre si, e o Tio – sejam elas 2, 4 ou 7, gostará certamente muito de todas e de qualquer uma delas, e ufanar-se-á de exibir uma roda de sobrinhas despachadas e decididas, giríssimas e inconfundíveis que, sejam quantas foram, jamais se sentirão mais uma!
E, afinal de contas, ter muitas sobrinhas e sobrinhos é um alívio para a pobre Zabi. Eu gosto de dizer que nada peço à próxima geração a não ser um catedrático de direito, um catedrático de medicina, um general e um arcebispo de Braga. Posto momentaneamente de lado o prelado (para esse lugar, pelo menos por enquanto, é mesmo preciso um sobrinho), pelo menos a Zabi já terá alguém com que repartir tais incumbências! ;)

1 Comments:

At 7:23 AM, Blogger Maggie said...

;)
Parabéns orgulhoso tio!
Beijinhos*

 

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