Olho para a velha fotografia, onde um bebé contando poucos meses posa numa imponente cadeira de couro "de preguinhos". Atrás da pele lavrada e das tachas metálicas do encosto, a progenitora ampara discretamente a criança. Só depois de avisados damos conta da sua presença, quase invisível, no daguerreótipo. Nada de "simplicidades" (para interligar este com o post anterior) ou de fotos banais: desde o começo, senta-se (bom, apoia-se) a criança no espaldar de um assento com personalidade, e começa-se a trabalhar sua personalidade. É um bom princípio para uma vida divertida e estimulante, que não se resuma a uma anónima passagem por uma série de locais durante uns tantos anos. É um óptimo preâmbulo para deixar uma marca naqueles que nos conheceram. É uma excelente preparação para aproveitarmos o que a vida nos oferece e pormos os nossos talentos a brilhar. É, por fim, um primeiro passo para que, mesmo muito tempo volvido, a nossa passagem seja agradavelmente (e, mais, intensamente) recordada.
Porque a vida pode e deve ser agradável e especial. Não é preciso estarmos sempre sentados no chão, a tentar não dar nas vistas de quem vai passando. Não é preciso contentarmo-nos com bancos pré-fabricados modelo IKEA que, com a avassaladora uniformização que protagonizam, nos tornam transparentes e banais. O que interessa é querermos ser mais, perseguirmos os nossos objectivos com afinco e prazenteiramente deixar uma marca. Importa, então - nem que seja de vez em quando (e, se possível, com a confortável certeza de que, se for preciso, está um par de mãos fortes atrás de nós para nos apoiar e nos apoiarmos) - puxar a cadeira de preguinhos (ou qualquer outra, com a qual nos identifiquemos), encostar o tronco ao espaldar ornado e, dali, em interacção com os outros mas mantendo a nossa especificidade, vermos o mundo com cores mais fortes e vivas do que aquelas com que, tantas vezes, ele é percebido. Isso, certamente, contribuirá para uma coloração muito mais intensa e vibrante quer da nossa vida, quer da dos que nos rodeiam.
1 Comments:
e o truque nao sera fazermos do banco ikea algo que ninguem tenha ainda pensado?
o q interessa nao é a marca, é o q fazemos dela ;)
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