catequizando na paragem (I)
No passado Sábado, estava eu a regressar da feira das velharias (cada vez mais feira, mas com objectos à venda cada vez menos antigos) feliz com um postal dos anos 30 ostentando uma vista panorâmica de (uma irreconhecível!) Mapuçá, quando, à sombra da paragem e do refeitório de Sta Cruz, ouço uma extraordinária tentativa de evangelização moderna!
Uma senhora procurava incutir na cabeça do seu pequeno neto (?) (que teria talvez uns 5 anos - eu confesso ser terrível na calendarização de criancinhas abaixo dos 10!) algumas noções básicas de cultura católica. A senhora não percebia muito do que estava a falar; o neto não estava nada interessado na mensagem que a esforçada avó (?) lhe tentava transmitir.
O interesse da criança tinha sido conquistado mediante a oferta de uma espécie de gomas em forma de esquilos, raposas, etc - que avó(?) e neto logo consideraram (primeiro sinal bizarro!!) serem monstros (!!). As gomas "monstro" constituíam, no entender da catequista, um perfeito início de diálogo. Esta, vendo a criança brincar com os "monstro", respirou sonoramente, olhou em redor (ie, para a rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes e um pouco da rua da Sofia) e proferiu a primeira barbaridade:
"Olha, filho, tantas casas! No tempo do Jesus, não havia casas!".
A criança (talvez por não perceber porque é que os filmes do "tempo do Jesus" mostravam, apesar de tudo, casas, palácios, sinagogas e muralhas) olhou perplexo. A boa alma prosseguiu:
"Sim, no tempo do Jesus, as pessoas moravam em cabaninhas cobertas de folhas e palmeira".
Primeira pontada, primeira argolada!
Ou terá Jesus vivido em África, ou num palmar alheio nas "Novas Conquistas"??
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