Thursday, July 10, 2008

LUSOFONIA!

Engalanam-se os Prazos do Serrazim com os seus mais orientais (ou orientalizados) atavios. Fazem gala em exibir as suas colchas da India, cadeiras de Goa, caixinhas do Malabar, os seus cristos indo-portugueses e "gabinetes de curiosidades" do oriente. A Lusofonia celebra duas grandes vitórias:



1) a efectivação do acordo ortográfico, que procurará aproximar povos diferentes mas com um passado e língua em comum;



2) a elevação da célebre Fortaleza de Malaca - aquela que, no passado, foi apelidada A Formosa - à categoria de património da Humanidade, pela Unesco. Numa altura em que tantos clamam contra a destruição das marcas da presença portuguesa no Oriente (no que se destacam os brados de PauloVarela Gomes na sua coluna semanal do Publico), em que a identidade (ou, mais provavelmente, a ideia que dela havia e lá se projectava) lusa se esfarela nos areais da outrora mítica e dourada Goa, a consagração de Malaca é uma notícia no mínimo excelente.



Não se celebram as façanhas (para uns) ou atentados (para outros) de Albuquerque, as glórias (clamam uns) ou vergonhas (gritam outros) da passagem portuguesa por aqueles lugares.



Deve-se celebrar somente como é que um povo tão escasso, provindo de um país tão pequeno, conseguiu deixar levar-se pela curiosidade e a vontade de "ser mais" que, então, o devorava, e estabelecer contactos com terras e gentes tão diferentes.



Esta capacidade de se relacionar com o diferente, de perseguir os sonhos, de estabelecer metas e alcançá-las - e que não é exclusiva, de forma alguma, dos portugueses, e da qual, naturalmente, não partilhavam todos os portugueses do passado - é que deve ser lembrada e estimulada quando se olha a vetusta porta, sempre Formosa, da hoje mundialmente conceituada fortaleza de Malaca.

1 Comments:

At 6:56 AM, Anonymous Anonymous said...

É pena que as pessoas não passem dos brados à acção!

 

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