Tuesday, May 20, 2008

Quem pode achar este poema colonialista?!?

VELHA GOA, de Tomas Ribeiro (poema do qual a minha Avo sabia boa parte de cor):

Eis a cidade morta, a solitaria Goa!
Seis templos alvejando entre um palmar enorme!
Eis o Mandovi-Tejo, a oriental Lisboa!
Onde, em jazigo regio, imensa gloria dorme!

Que fazes tu de pe, arco das grandes eras?
Que te sustem no ar, abobada que cismas?!
Passaram para nos as floreas primaveras,
as musicas da gloria, a luz dos aureos prismas.

Portico arrendilhado, orgulho da espessura,
Tao nobre, velho e nu... cobri-o trepadeiras!
Deixai-o afundar no oceano de verdura
Que sobe, cresce e abisma as grimpas derradeiras/

Nos somos do passado a timida memoria.
Buscando os seus avos no palmeiral funereo
Que aoenas sobredoira um tenue alvor de glorias,
Como de fatua gloria se esmalta um cemiterio.

Nomes que tanto ergueu a tuba, a lira, a historia,
Pachecos, Albuquerques, Almeidas Gamas, Castros,
Lorena, Alorna, Mello e tanta e tanta gloria,
Devem erguer-se a luz de mais propicios astros!

as se o formoso sol que a minha mente sonha,
Nao rompe a serracao nem calma adversos ventos;
Roubando-nos a luz poupai-nos a vergonha!
Caide sobre nos, heroicos monumentos!

Apesar do (um tanto provinciano) e saudosista romantismo melado de T. Ribeiro, ele consegue descrever bastante bem a sensacao dos portugueses quando, do alto da Senhora do Monte, contemplam Goa.

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