A parvoíce é intemporal: na ressaca de 14/2
Todos achamos que os anúncios que enxameiam as extraordinaramente bizarras colunas de classificados, repletas de meninas/os que oferecem os seus préstimos por módicas quantias e damas e cavalheiros que pretendem descobrir, via jornal, a cara metade que a vivência quotidiana teimosamente persiste em não lhes apresentar são coisa relativamente recente.
Pois bem, um dos trabalhos que, nos dias que correm, me tem ocupado tem sido a análise de alguns periódicos - com destaque, naturalmente, para os saídos dos prelos instalados nas proximidades do Mandovy. Num deles, conimbricense, datado de 1866, encontrei esta pérola, que não resisto a partilhar com os leitores dos Prazos, ao mesmo tempo que lamento as situações em que, tanto ontem como hoje, tais situações podem conduzir! Ah! E mantêm-se os sublinhados do original.
"É SÉRIO. UM HOMEM viuvo, um pouco feio de cara, estatura regular, saude perfeita, 60 annos de edade, empregado publico, residente 'nesta cidade, deseja casar-se. Quem quizer mande os necessarios esclarecimentos em carta fechada á redacção deste jornal com as iniciaes A.B.C.D.. Não esqueça declarar a edade da noiva."
Pobre desgraçado - saudável mas de facies desagradável, desejando uma noiva ainda nova - o que deves ter sido gozado (sim, porque essa ridícula sucesão alfabética, qual primário código cifrado, de pouco te serviria na pequena Coimbra de então, onde todos conheciam todos e tudo se sabia) na tua repartição, rua, mercearia e café!
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