Velhos amigos
É extraordinário falarmos com velhos amigos (mesmo quando nós próprios não somos ainda assim tão velhos quanto isso!)! Sobretudo, se não sabemos deles há já uns meses largos.
Por velhos amigos devemos entender os que já conhecemos há tanto tempo que...nem nos lembramos bem desde quando. Um velho amigo é assim: existe desde sempre, está lá, imutável, desde as profundezas das nossas memórias. Por isso - e obviamente - costumam ser em quantidades reduzidas.
Quando nos referimos a velhos amigos, não se trata necessariamente de melhores amigos. Podem, até, nem ser (já) grandes amigos - daqueles cujas vidas vamos acompanhando com maior ou menor cuidado. No entanto, quando, por um qualquer motivo (e às vezes sem justificação alguma, dando azo, segundo uma expressão que se celebrizou num pequeno meio, a conversas sem rumo), se (r)estabelecesse a comunicação entre dois seres deste tipo, algo de extraordinário acontece: uma catadupa de recordações - designadamente daquelas que, de tão arcaicas serem, já nem sequer nos acorrem usualmente à memória - inunda a conversação. Por vezes, nem é preciso rememorar verbalmente episódios, caras, vergonhas... eles (e elas) lá estão, perfilados em torno dos subentendidos e dos próprios pilares em torno dos quais se desenrola a charla. Assim se mantém, também, a memória justificativa de tantas estruturantes especificidades que explicam a nossa essência a nós mesmos.
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